Sob a curadoria de Alejandra Muñoz, a Passado Composto Século XX apresenta a mostra "JORGE CRAVO: Melodias das Tramas" e convida os visitantes da SP-Arte 2025 a ouvir com os olhos as melodias de um belo conjunto de tapeçarias e desenhos. O artista que produziu essas obras foi um exímio conhecedor de música e uma figura fascinante da cena baiana recente.
Aminthas Jorge Cravo (Aracaju/SE, 1927 - 2015, Salvador/BA), conhecido como Cravinho entre amigos e familiares, foi um talentoso artista que começou a explorar a tapeçaria a partir de 1972. As intrincadas tramas de cores, fibras e formas de suas obras configuram uma metáfora tanto da sua dedicada paixão musical quanto das íntimas relações artísticas de sua vida.
Formas abstratas, por vezes lembrando estratos geológicos ou linhas de topografias imaginárias, foram cadenciando para temas figurativos reconhecíveis, como exuberantes flores tropicais. Como notações de uma partitura, Cravinho desenvolveu possibilidades de métricas e ritmos a partir de paletas de cores bem delimitadas, mas potencializadas por nuances de combinações e contrastes. A escala de suas criações abrange desde abstrações sugestivas de silenciosas extensões rochosas ou de closes vulcânicos segundos antes de uma erupção, até densos casarios urbanos sem horizontes, inspirados por fotografias de percursos por Salvador. Curiosamente, é raro encontrar figuras humanas em suas obras.
Alguns de seus desenhos com hidrocor, a maioria cartões-modelo para tapeçarias, conjugam sutilmente, quase imperceptivelmente, pequenos contrapontos de relevo através de fragmentos de papel colado sobre a superfície maior. Como nas batidas da bossa nova, lembram pequenos contratempos entre o tema principal e a voz do cantor. E se o tom de cor necessário não existia no novelo de lã, Cravinho misturava duas ou três linhas diferentes para construir minúsculos vibratos para cada ponto bordado. Aproximando-se de uma tapeçaria, observe como aquela cor que você percebe à distância é composta por duas ou três linhas de cores bem distintas.
Assim como no jazz, onde cada instrumento tem espaço para desenvolver o tema principal, nas tapeçarias de Cravinho as grandes manchas predominantes de cor se enriquecem com os solos de alguns contrastes. As tramas revelam um nível de sutilezas perceptíveis em uma escuta mais atenta. Então, vá com calma e desfrute desses compassos imaginários, uma e outra vez.
A Galeria Passado Composto Século XX, completa dezesseis anos dedicados à pesquisa e ao resgate da memória da tapeçaria artística brasileira e dá continuidade a esse trabalho com esta exposição, valorizando os criadores que celebraram a nossa brasilidade e desempenharam um papel fundamental no setor artístico visual e têxtil, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
No contexto do design, o estande será ambientado com mobiliário moderno de época, assinado por mestres do design internacional e nacional, como o dinamarquês Arne Vodder (1926-2009) e o brasileiro Joaquim Tenreiro (1906-1992), além de reedições exclusivas do artista e designer Jean Gillon (1919-2007). Também serão apresentadas luminárias de cristal de rocha da designer e antiquária Cida Santana.
SERVIÇO DA MOSTRA NA SP-ARTE 2025:
Curadoria: Alejandra Munõz
Pesquisa: Graça Bueno
Realização: Galeria Passado Composto Século XX
Expografia: Giovanna Verdini
Agradecimentos:
Edna Cravo
Christian Cravo
Instituto Mario Cravo Neto
HORÁRIOS SP-Arte 2025:
02 de abril - convidados
03 e 04 de abril - 12h às 20h
05 de abril - 11h às 20h
06 de abril - 11h às 19h
LOCALIZAÇÃO:
SP-Arte 2025 - Setor de Design, STAND DS06
Pavilhão Ciccillo Matarazzo da Bienal
Parque Ibirapuera, portão 3
Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n
São Paulo, Brasil